Para Ler:  Um dia estávamos indo para uma praia de rio no Pará (não lembro exatamente qual cidade) e no meio do caminho eu comecei a ver várias toras imensas de árvores centenárias cortadas. 

O que me impressionou foi a quantidade delas. Eram milhares e cada vez mais ficava maior ainda o tamanho dos troncos. Eu estava com uma máquina fotográfica na mochila e repare, eu tinha trancado minha matrícula na faculdade de Jornalismo e isso significava que  não havia situação melhor para colocar meus conhecimentos em prática do que aquela. 

Era uma madereira gigante mesmo, mas perecia que a estrutura era provisória. Qualquer pessoa que visse aquela cena, iria ficar boquiaberto. Eu estava numa estrada bem estreita que ficava num nível acima deles e tratei logo de arrumar um trecho com um bom ângulo para poder fotografar aquela atrocidade. Claro que naquele momento, toda aquela fantasia de denunciar algo errado e fazer justiça escrevendo ou fotografando tomou conta totalmente do meu juízo. 

Ora, quando eu digo fantasia, me refiro ao fato de me preocupar somente com uma causa e não com a conseqüência. Por que aonde eu estava e nas condições em que estava, não tinha a menor infra estrutura e nem experiência de lidar com o que estava por vir. Não era como estar numa situação perigosa dentro de uma cidade cheia de recursos. O interior do norte do país é uma terra sem lei. 

Parei numa sombrinha e comecei a tirar fotos de tudo aquilo, das toras, das madeiras,  das máquinas, enfim, do processo inteiro. Andava ali por cima em busca de enxergar  um nome ou alguma referência para poder investigar mais tarde. Estava mergulhada na minha bolha de ingenuidade quando escutei uns gritos vindo lá de baixo e depois tiros. Sim, tiros. 

Meus olhos se  arregalaram  de uma maneira que parecia que nunca mais iriam voltar para o lugar! Montamos nas bikes e saímos em disparada pela estrada.

Nunca pedalei tão rápido na minha vida. Como a estrada era de chão, dificultava ainda mais andar  rápido. Os tiros não cessavam e a cada estrondo eu tentava arrumar forças para sair voando, literalmente. Só pensava que maldita hora eu fui dar uma de espiã ou sei lá que porcaria fosse. 

Quando olhei para trás, tinha deixado a máquina cair no chão (dane-se!) e só vi uma poeira alta levantando lá trás. Ou seja, eles estavam de carro vindo atrás de nós!!! Meu deus, comecei a pedir por todos os santos e deuses de todas as religiões. Foi quando vimos que no caminho tinha uma bifurcação e resolvemos nos jogar no meio de matagal fechado para tentar se esconder. 

Olha, eu estava tão apavorada com aquela situação que parecia que eu estava nas gravações de mais um filme  de Hollywood, isso sim. Não estava acreditando! 

Realmente eu fui ingênua demais em achar que passaria por ali batendo milhares de fotos e sairia despercebida. Que isso, logo se tratando de contrabando de madeiras! Os caras não estavam de brincadeira mesmo e num espaço bem curto de tempo nos mostraram isso. Minha vontade era de virar um tatu e sair pelo solo mesmo. Ficamos agachados por algumas horas e depois seguimos em frente quase que dentro do mato mesmo. 

Minha cabeça estava a mil e  meus pensamentos vinham como balas por todos os lados. Depois dessa experiência vi que não tinha a menor vocação para jornalismo investigativo sem recursos! 

Peça com pedra turquesa rolada e metal trabalhado. Repare como as veias naturais da pedra são lindas! 

Um colar que combina com diversos estilos. Ao mesmo tempo é sério e descontraído. 

A combinação de dourado com verde fica super elegante! Coloquei esse pingente para ficar mais descontraído.

Pedras Malaquita, Quartzo Verde e metal fosco perolado.

Para Ler: 

Quando passei pelo Maranhão, parei numa cidade chamada Barreirinhas, que fica perto dos Lençóis Maranhenses. Não é preciso ser muito atencioso para perceber que esta é mais uma cidade que vive basicamente do turismo na região. Os nativos são muito simples mas vivem sempre sorrindo. 

Já tinha passado algumas horas da gente almoçar e ainda tínhamos que tentar vender alguma coisa pra conseguir pagar o tão esperado almoço. 

Nesse horário é muito difícil encontrar turistas pela cidade, a maioria estava fora fazendo os passeios. Então, teríamos que contar com a população local mesmo. Logo no primeiro momento fiquei extremamente desanimada, por que eles eram carentes de quase tudo e eu não tinha cara de tentar vender coisa alguma.

Resolvi sentar na sombra do poste quando uma mulher me chamou e disse assim: ” Ei, aquela moça ali está te chamando.” Olhei para o outro lado e vi uma senhora de saia de linho desbotada e uma blusa de botão fazendo sinal com a mão para eu me aproximar. 

Levantei fui ao seu encontro e ela perguntou se eu estava com fome. Não consegui pensar em muita coisa debaixo daquele sol e resolvi engolir minha vergonha e disse que sim, que estava um pouco (imagina, estava quase desmaiando de tanta fome!). No mesmo momento ela sorriu, saiu andando fazendo um movimento para acompanhá-la e começou a falar. 

Disse que ela morava com um filho e tinha preparado comida fazia pouco tempo. Entramos num beco bem estreito e pra falar a verdade, quando chegamos, não sabia dizer aonde terminava a rua e começava a casa dela. Quando vi estava na sala e ela disse que era para aguardar no sofá que ela ia buscar a comida.

Quando olhei para trás, havia um monte de tijolo na forma de um sofá e na frente uma televisão no chão. O filho dela sentou na minha frente (no chão)  e ficou nos olhando. Devia ter uns 12 ou 13 anos. Ela falava da cozinha mas na verdade, não conseguia prestar atenção por que meus pensamentos estavam mais alto. 

O que movia uma pessoa como aquela, tão simples, ao ponto de viver no limite da miséria, me chamar do nada?! Eu nem a tinha visto e parecia que ela sabia que estava com fome. Nunca tinha me visto na vida e fez questão de me colocar dentro de casa e fazia aquilo com muita satisfação.

Meu transe foi cortado quando ela apareceu trazendo dois pratos cheios de arroz e farinha. E se desculpou por não ter carne. Ela apreciava cada colherada que dávamos e sempre perguntava se estava bom. Eu nunca apreciei tanto arroz e farinha na minha vida! Claro que a cada colherada eu dava um gole d’água! E ao mesmo tempo, me perguntava em que mundo eu estava vivendo e que pessoa era aquela. 

O filho dela sempre calado mas com a aparência de satisfação no rosto. Uma vez ou outra falava um “sim” para concordar com alguma história que a mãe contava. O que chocou mais, não foi somente a boa vontade dela, mas a felicidade que ela passava por aquela situação toda estar acontecendo. 

É muito surreal quando momentos desses acontecem. Pessoas que parecem ter sido enviadas para ajudar num momento onde  você não vê saída alguma. E era sempre dessa forma, elas apareciam, ajudavam e iam embora e nunca mais encontrava. Muito louco mesmo.

E nesse caso não foi diferente. Eu agradeci imensamente e pedi que ela escolhesse um trabalho meu. Nos primeiros segundos que terminei de dizer a frase, o olhar dela foi tão inocente como o de uma criança. Um brilho no olhar surpreendido com o que eu oferecia.

Tive que insistir para ela pegar a peça mais bonita que ela achava, dizia que era lindo demais. O que ela não percebeu, é que a sua alma tinha uma beleza infinita comparada com aquele trabalho.

O desing desse colar é o que mais chama atenção. Peça composta de cascalho de pedra Lapis Azuli, fita de metal e corrente texturizada. 

Um acessório simples mas bem estiloso. 

Gosto muito dessa peça pela mistura da pedra e do metal. Ficou um colar bem estiloso! O detalhe do pingente da mão hebraica trouxe autenticidade e movimento. 


Pedras: Turquesa, Ágata e Olho de Tigre, corrente fosca trabalhada  e pingente folheado a ouro.

Super delicado e feminino esse colar de pérola sintética, pérola natural de rio e pedra Ágata Branca. De cor básica, combina com qualquer tom de pele. 

Repare como fica super elegante numa produção com preto!

 

A pedra turquesa dessa peça está muito especial. O efeito que causa é bem interessante, destaca em qualquer ocasião.

Para os curiosos: conforme prometido, segue a continuação do último post!

A experiência de passar a noite acampada literalmente no meio do mato, e repare, não era qualquer mato como numa cachoeira do Horto ou coisa parecida, era muita maluquice. Estava um calor danado e no meio da noite armou aquele temporal. E junto com a chuva veio o vento, só que esse vento foi absurdo!

Estávamos com a barraca armada perto de uma mesa de sinuca, o vento foi ficando tão forte, que mesmo sentados, começamos a ser literalmente arrastados! Tivemos que nos segurar na mesa (pela parte de dentro da barraca mesmo) por que senão facilmente iríamos parar do outro lado da estrada. Uma loucura total.

O negócio foi tão forte que eu jamais imaginaria que teria ventos tão fortes e assustadores naquelas redondezas. Para se ter idéia, as bicicletas quase se perderam de vista. No dia seguinte logo pela manhã, fui ver se em volta de nós estava tudo bem. Por sorte tudo estava no lugar, quer dizer, a casa deles sim, mas algumas árvores no chão.

E eu crente que iria descansar naquela noite e me dei mal. Levantei mais exausta do que fui dormir. Tínhamos que levantar acampamento pra aproveitar um sol menos escaldante. E assim foi, pedalamos o dia inteiro! O almoço foram uns biscoitos que agente tinha levado e água. Um pouco antes do fim da tarde chegamos na mercearia que o gaúcho falou.

Quem nos atendeu foi um senhor, que para ser sincera, não me pareceu nada agradável. Ainda tínhamos uns trocados no bolso e gastamos tudo ali mesmo. Pedi algumas informações sobre a próxima parada e ele disse que ainda faltavam uns 30km.

Quase fiquei sem fala. Não tinha a menor possibilidade, mínima que fosse, de conseguir fazer esse percurso. E detalhe: Nossa grana tinha acabado mesmo. Isso significava que teria que pedir pra acampar no quintal e por mais comida, por que o que havíamos comprado, não seria suficiente pra agüentar até o dia seguinte pra pedalar.

Depois de explicar o que estávamos fazendo ali, pedi gentilmente se poderia acampar no quintal pra seguir viagem no dia seguinte. A resposta foi direta, curta e rápida: Não.

Antes dele responder, dentro de mim já estava certo que a resposta seria essa, por que enquanto falava, a sua face já dizia isso. Nessa hora, a filha dele que estava grávida, saiu lá de dentro e veio conferir quem estava lá.

Quando o pai dela contou o que queríamos ela disse que poderíamos dormir numa casa que ficava na lateral da casa deles. Eu fiquei agradecida e disse que de qualquer forma poderíamos usar a nossa barraca.

Ela falou que de fato usaríamos, por que a casa só tinha uma estrutura e mais nada… Eu fiquei com medo até de imaginar como seria esse lugar, por que pra aquele velho concordar… Boa coisa que não deveria ser.

Já estava quase de noite e eu estava com uma fome imensa. Não tinha nada para comer e imagine, eu estava dentro de uma mercearia!!! Engoli meu orgulho e disse para filha sobre a nossa situação, que estávamos sem um puto e se ela aceitaria um trabalho meu em troca de alguma coisa pra comer.

É muito constrangedor passar por essas situações. Mas confesso que achava interessante como as pessoas se portavam diante de um pedido como esse. Estávamos no meio do nada. E eu jamais faria uma proposta dessas se eu realmente tivesse outra opção.

Ela disse que era pra eu esperar que ela ia ver o que poderia me dar. Era sufocante passar por isso. Não pelo fato de precisar da consciência dela, mas sim, por que eu sabia que eles não tinham boa vontade em ajudar.

Ficamos mais de meia hora do lado de fora da casa e finalmente eles nos deram um prato de sopa. Depois nos levaram até a suposta casa. Era realmente um esqueleto de casa e nada mais.

Tivemos que montar a barraca dentro da casa para dormir. Mas, melhor que nada… Pelo menos não estávamos no meio da estrada entregue aos bichos. Logo  que amanheceu passamos na mercearia para agradecer e partir.

Eu não estava acreditando que iria pedalar de barriga vazia. Por isso, mais uma vez resolvi perguntar se teria a chance de poder comer alguma coisa antes de continuar. O velho quem nos atendeu e quando a pergunta foi feita ele olhou em volta e disse que não teria nada pra nos oferecer…

Na mesma hora, montei na bike e segui viagem. Foi difícil por que queria falar tanta coisa, mas nenhuma palavra minha iria mudar a forma como ele vê o mundo então, me calei. Quase chorei, confesso. De raiva.

Inacreditavelmente não cheguei a pedalar nem meia hora e vimos a porteira de uma fazenda, tinha uma senhora bem na frente e no mesmo momento paramos e perguntamos se ela teria algo para nos oferecer e tudo mais.

Na mesma hora ela abriu um sorriso e nos disse para entrar que ela iria colocar a mesa do café! Meu deus, parecia um sonho… Foi uma das mesas mais fartas que eu já tinha visto! Tinha tudo, bolinho de chuva, pães, café, leite, iogurtes, geléias… Uma delícia!

Ela ficou parada encostada na porta sorrindo nos olhando comer e eu tive uma ligeira impressão que ela ficava cada vez mais feliz quando comíamos. Um anjo na minha frente, eu pensava. Dei vários trabalhos para ela e quando estávamos de saída perguntei quanto que faltava até Bonito e ela disse que o filho dela tinha uma caminhonete e poderia nos levar até  a cidade por que ele teria que resolver algumas coisas por lá! Não parecia um sonho?! 🙂


Finalmente recomeça um novo ciclo. É sempre bom poder ter a chance de começar algo novo com idéias novas! 

E essa peça reflete a riqueza de materiais do novo mundo.

Trazendo um toque bem interessante: Pedra Jaspe, gotas de coral esponja (vermelho), pedra turquesa e corrente de metal fosco.

Para ler: Vou dizer sobre uma experiência que passei para chegar em Bonito – MS. Realmente vale muito a pena conhecer a beleza desse lugar, mas o que eu  passei para poder chegar até lá… Parecia uma provação e de fato, acabou sendo.

Saímos de Miranda em direção a Bonito e era possível escolher chegar por dois caminhos: um atalho mas sem calçamento e outro que era pela rodovia, mas teríamos que pedalar mais uns trinta km. Não tive dúvida alguma e resolvi pedalar menos, até por que o sol desse estado literalmente castiga e não dá pra brincar de se aventurar (ainda mais) naquele calor. 

Pois bem, de início tudo era lindo, a estrada com aquela terra dura e bem vermelha, a mata ao redor com várias araras passando do nosso lado e ainda por cima iríamos pedalar menos! Um sonho… Mas para minha infelicidade o chão começou a ficar com cada vez mais areia e parecia que eu estava pedalando na areia fofa da praia! Não estava acreditando, como assim areia?? Era muita falta de sorte! ( E planejamento, no mínimo!).

Ou seja, não conseguia pedalar nem um metro. Tinha que descer e empurrar a bike embaixo daquele sol escaldante. E o mais assustador: não passava nem  um ser humano na estrada além de nós dois. Eu estava impressionada de como uma situação pode passar de sonho para pesadelo em segundos!

Somente  poucos pedaços da estrada estavam  melhorores e dava pra pedalar. Depois de umas quatro  horas estávamos  no meio do nada e o sol cada vez mais forte, do nada avistamos uma borracharia, que pra mim parecia mais uma miragem. Como alguém monta uma borracharia num lugar daqueles?! Pensei. Mas de qualquer forma, estava tão exausta que não perdi tempo em parar por ali pra descansar e pedir informações sobre a próxima parada. 

Quem nos atendeu foi um gaúcho de quase dois metros e meio de altura, que era o dono. Era um oficina bem simples e ele foi super educado em nos receber de uma forma muito bondosa. Nos ofereceu comida e nos alertou que não deveríamos nem sonhar em estar naquela estrada de noite por que havia jaguatirica pelas redondezas. E o próximo lugar ficava a mais de 40 km dali.

Ele nos aconselhou a passar a noite por lá mesmo e seguir viagem no dia seguinte bem cedo, pra poder pedalar num clima mais fresco. O sol era muito desanimador e eu estava cansada demais para ignorar aquele convite. Então, resolvemos armar a barraca por ali perto e descansar.No meio disso tudo ele nos apresentou sua família e veja que curioso: Ele nos contou que  era casado com 3 irmãs índias e ao todo eram 16 filhos! Uma loucura! 

As duas mulheres trabalhavam fora e a terceira ficava em casa cuidando da criançada junto com os filhos mais velhos. Ele nos disse que todos conviviam na maior harmonia. Mas ele não mantinha contato com os parentes do Sul por que eles não aceitavam a sua forma de vida. O mais intrigante era a mistura da beleza dos filhos. Imagine, ele era super branco, loiro de olhos claros e as mães de pele vermelha, olhos e cabelos negros. 

Foram as crianças mais bonitas e mais exóticas que eu tinha visto na minha vida. Uma beleza única. Eram do tipo daquelas pessoas que se fossem descobertas, com certeza iriam alcançar a fama por sua aparência. 

Durante a noite houve uma outra experiência única… Mas contarei no próximo post! 🙂


Esse tipo de trabalho segue a mesma linha da peça de ontem: Macramê misturado com corrente.

Mas aqui a cor da linha o e estilo da corrente são completamente diferentes.

A agressividade da corrente com a delicadeza do Macramê criam um diálogo interessante. 

O mais legal é o efeito desses materiais, ainda mais quando o detalhe do trançado na nuca aparece.

Gente, essa é a última peça dessa coleção. Por isso não estranhem se a atualização não for diária.

Mas é por um motivo: aguardem por que voltarei daqui alguns dias para postar colares novos!

Para ler:

Logo no início da minha viagem (eu fiz a rota saindo do RJ até o Maranhão, passando pelo centro do país e não pelo litoral), estava em  Minas Gerais e era inverno, ou seja, um frio louco. Comprei a passagem de uma cidade muito pequena (não lembro o nome) para uma outra menor ainda, por que não tinha grana para pagar até uma maior. 

Detalhe, essas cidades muito pequenas, são difíceis de vender trabalhos manuais, salvo as cidades turísticas. Então, muito sabidamente comprei a passagem para a madrugada. Pensei:  ” o motorista nem vai se tocar se eu não descer, passo direto e chego rapidinho”.

Sei… Coitada de mim! Simplesmente o motorista parou no meio da estrada (a cidade era tão miúda que não tinha nem rodoviária!) e me sacudiu, (eu estava dormindo maravilhosamente bem) dizendo para descer que meu trajeto havia – se encerrado ali. 

Ah! Mais um detalhe: eram aproximadamente três da madruga. O que você faria?! Eu realmente não estava acreditando que teria que descer daquele ônibus quentinho e me jogar no meio da estrada de madrugada… 

Daí apelei pro motorista, falei com ele que viajávamos de bicicleta, que fazia trabalhos manuais e eu realmente não tinha mais nenhum centavo para enterar a passagem. Fui sincera, vou dizer o que numa hora dessas?! Achei que ele fosse se sensibilizar… Nada, ele nem me olhou na cara e nos fez descer do ônibus e pegar nossas bagagens. 

Não sei direito o que pode mover o outro, mas o que eu vi é que eu cruzei com algumas pessoas que são ruins de graça. Claro que esse motorista deveria enxergar que estava fazendo seu trabalho e tudo mais. E de fato estava, mas poxa, você literalmente jogar dois jovens viajantes no meio do nada?! Ele não ia perder nada em nos levar!

Bom, enfim, isso não vem ao caso. Desci e tirei minhas coisas e o que eu vi foi o ônibus partir e uma escuridão apavorante. Era isso mesmo, apavorante estar naquela situação… Mas como diz a minha mãe, não fui em quem fiz minha escolha?! Então eu teria que enfrentar aquilo da melhor forma.

Só sei que vimos um posto de gasolina abandonado que estava logo atrás. Armamos a lona da barraca e esperamos amanhecer. Nem preciso dizer a minha disposição no dia seguinte de levantar e seguir até um próximo posto e ainda por cima de bike. 

Numa viagem de aventura, sempre vai ter aquele dia (ou dias) de perrengue. Algum acontecimento que pode colocar quase tudo a perder. É o que eu digo, você muda do luxo para o lixo em muito pouco tempo. E normalmente calha de ser na hora em que você acha que realmente está se dando bem, não é mesmo?

Ou será que “calhar” seria o termo certo? Por que eu acredito que nessa vida nada acontece sem algum fundamento, sem explicação alguma. Tem muitas coisas que não conseguimos explicar nessa vida. Mas o que eu vejo é que esses acontecimentos servem para fazer agente evoluir de alguma maneira. 

O brilho desse tipo de corrente faz toda diferença numa produção para noite.

Dá pra usar até mesmo de dia quando o look fizer um estilo mais básico. 

Além disso, a cor dessa peça funciona com dourado ou prata. Super versátil. 


Trabalho de Macramê feito com linha encerada se mistura com metal dourado, pedra Opala e corrente. 

O Macramê fica no lugar do fecho na parte da nuca toda.

Funciona como um detalhe super estiloso na hora de prender o cabelo, enfeitando o pescoço.

Para distrair: Eu estava alguns kilometros de Belém do Pará e pra variar, sem grana alguma. Parei num posto de gasolina pra ver se conseguia carona até a capital (aliás, posto de gasolina é pratiamente um Oasis pra quem viaja nessas condições. Tem comida, banheiro e é seguro pra esperar por carona). 

 

Algumas pessoas acreditam que hoje em dia é fácil conseguir carona no meio da estrada. Gente, isso não existe mais. Não funciona como na década de  70! São raríssimas as possibilidades de algum caminhoneiro parar pra te dar carona.

 

O grande pulo do gato é parar num posto de gasolina e ficar de olho pra ver qual o destino dos caminhoneiros e rezar muito pra que ele seja de bom coração e te levar junto! No meu caso ainda era mais difícil de conseguir, por que tinha que ser um caminhão com carroceria para as bikes.

 

Não tem como viajar por todas as estradas do Brasil de bicicleta, por mais disposição que você tenha. E no meu caso, pra falar a verdade, eu estava pouco me importando se era de caminhão, bike, barco ou o que seja. Eu queria estar em movimento. Conhecer e ir embora. 

 

Essa sensação é indescritível. Claro que a saudade da família, do conforto, de uma cama limpa e quentinha, um banho quente, eram pontos bastante favoráveis para se pensar no que eu estava fazendo. Mas tudo isso era pouco perto do prazer que eu sentia por descobrir sentimentos tão profundos nessa forma de viajar.

 

Voltando ao posto de gasolina, consegui convencer a um caminhoneiro a nos dar carona até a capital. Acho que faltavam uns 500Km pra chegar, por aí. O problema era que ele morria de pavor da polícia e estava bastante inseguro de nos levar. 

 

Tivemos que ir na carroceria do caminhão escondidos. Colocamos a capa da barraca por cima de nós e seguimos viagem. Eu não podia nem cogitar de ser descoberta por um policial por que teria que ficar no meio de uma estrada no interior do Pará e de noite ainda por cima. Nem pensar mesmo. 

 

A estradas são muito precárias e com uma mata fechada por todos os cantos. Mal dava pra um carro, imagina pra caminhão. Quando dei por mim o motorista tinha parado na polícia rodoviária. Meu coração batia que eu achava que ia saltar da carroceria a qualquer segundo. 

 

Escutava as perguntas do policial pro caminhoneiro e tentava controlar a respiração. Estava um frio absurdo e com aquele estresse todo, eu estava literalmente uma estátua. Ele chegou até levantar um pedaço da lona mas não chegou a nos ver. Eu não sou uma pessoa de crenças religiosas e nem muito menos simpatizo com a religião católica, mas naquele momento eu fiz promessas pra todos os santos e pro resto da vida!

 

Mas entre mortos e feridos, todos se salvaram, seguimos viagem e chegamos em Belém do Pará! Cheguei em plena festa do Sírio de Nazaré. Outra energia, outra realidade, uma cultura fortíssima e muito a se descobrir.